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#39 - MEU POVO "MATA" POR FALTA DE CONHECIMENTO

"...o meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos..."
Oséias 4:06

Lamentavelmente escrevo estas linhas, não por outra razão, senão para expor algo que presenciamos, eu e minha esposa, algo que gerou confusão, vergonha e morte, sim, morte, afinal estamos falando de vidas. Porém, antes de descrevê-lo preciso dizer algo:

SOMOS a igreja de Cristo, todos somos partes do Corpo de Cristo, os fracos, os que pensam ser fortes, os pequenos e os que pensam ser grandes, os que estão prostrados e os que pensam estar de pé. Eu amo e sou parte desta igreja, única, sem igual, que é sim, o fruto de todo o sacrifício do SENHOR.
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É O AMOR?
Entramos em um ônibus bi-articulado (foto) e, como tem sido comum ultimamente, a galera da fundão está sempre curtindo algum som no celular, geralmente é um barulhinho xarope e repetitivo que alguns dizem ser música, mas desta vêz era uma música sertaneja: "É o amor", não sei o que é pior! Não percebemos, mas havia no ônibus um grupo de dois casais adultos e umas cinco crianças e adolecentes, no melhor estilo crente, chegava a ser até bonitinho, terno e gravata até no menorzinho.

Eu e minha esposa sentamos nos únicos dois lugares vazios que sobraram, logo de frente e o ônibus saiu. Se você pega ônibus em Curitiba sabe que já é bastante incômodo você pegar um ônibus no domingo, após o trabalho então a coisa se torna ainda mais cansativa, ter que, involuntariamente, ouvir música alheia em alto volume ou ainda mais música sertaneja (tenha dó!), é realmente de pirar o cabeção. Mas agora pense na confusão que se forma quando, em algum momento, um grupo de crentes abençoados resolve competir com os irmãos sertanejos e num coral começar a cantar "Coração Valente" do Voz da Verdade. A música não é ruim, a letra é bem legal, mas convenhamos, não é assim que se canta. Pronto, começava assim a confusão em nome de "Gizuis"?!

AÍ JÁ É DEMAIS!
Durante a cantoria eu tentava conversar com minha esposa, inclusive falávamos sobre aquela cena que estavámos presenciando. Eu comecei a perceber então e comentar com ela que a coisa toda não acabaria bem quando um dos irmãos se levantou e começou a cantar ainda mais alto e as crianças, coitadas, empolgadinhas esguelavam o vozerão. Não demorou e uma mulher loira, de cabelos curtos e calça social foi até o irmão tenor e começou uma conversa.

Eu mesmo estava quase indo lá falar com ele, mas não, sinceramente eu já passei por isso e, infelizmente, em situações como esta a conversa é impraticável. O irmãozão não estava com cara de muita conversa, ele parecia bem certo do que estava fazendo, até mesmo orgulhoso de sua cantoria. Agora, quando eu vi a mulher de calça, e cabelo curto, sério, eu disse para minha esposa que ia ser difícil aquele irmão reconhecer que estava exagerando na dose. É humilhação demais, uma mulher? E ainda de cabelo tosado e calça? Tá amarrado!

Se estou exagerando? Não estou mesmo. Veja só! E não é que o irmão "fogo puro" resolveu, com a mão estatelada na testa da mulher, repreender o diabo. Imediatamente levantou um outro passageiro, um senhor de certa idade que entrou entre a mulher e o cantor, gritando: "Aí já é demais!".

CALA-TE!
Com um dedo do velhinho apontado para a sua cara, um de seus braços na cara da mulher e o outro tentando se segurar no corredor do coletivo, o canela de fogo começa a gritar coisas do tipo: "arreda-te", "aparta-te" e tudo o que soasse bíblico e valente. Logo, o outro rapaz crente, que até o momento não havia se manifestado sai de seu lugar e vai até a confusão. Pensei, agora sim, alguém vai ter bom senso e parar essa palhaçada toda. Que nada, aí é que o caldo engrossou, agora eram dois irmãos gritando "arreda-te" tanto para o velhinho quanto para a mulher. Enquanto isso, a criançada que já havia parado de cantar permanecia com os olhos esbugalhados. Neste momento a única coisa que eu conseguia fazer era orar quase que em silêncio e minhas palavras eram em sua maioria, pedidos de misericórdia!

Agora na confusão eram dois crentes, uma mulher que dizia ser cristã e um velhinho sabe-se lá da onde. E não é que um outro passageiro salta da frente do ônibus e vai até a confusão, eu até pensei que era o motorista, mas então o indivíduo chega gritando a máxima do "É pra acabar": Eu também sou evangélico! E não é que o tal evangélico chega, e com o braço por cima de todo mundo, dá de dedo na cara do velhinho dizendo coisas do tipo "seu safado"?!

Neste momento algo ainda mais estranho aconteceu, pois o mesmo sujeito entrou na confusão dizendo ser evangélico, fala um monte de grosseria e simplesmente saiu, mas quando ele olhou para a direção dos demais passageiros eu notei um sorriso diferente, quase irônico. Eu continuava apenas observando e orando. Muito, muito envergonhado.

CIRCULANDO! CIRCULANDO!
Os dois crentes então, entre os gritos e empurrões começam a dizer que estavam fazendo o seu trabalho, suponho eu que se referiam à tentativa de evangelizar ou de desencapetar o lugar, e não foi surpresa quando a mulher, a mesma de cabelo curto e calça social, disse ser cristã também e, sem se alterar, simplesmente perguntou para o mais exaltado dos irmãozinhos que tipo de trabalho era esse que estava desde o começo escandalizando a todos. Alguns já gritavam para que o motorista parasse, outros apenas observavam a tudo com pequenos comentários que me deixavam ainda mais certos de que estava tudo errado.

Entraram então três guardas municipais e logo o grupo crente foi apontado como o causador da muvuca, os irmãos até tentaram argumentar mas o evangeliquêz não colou e tiveram que descer e esperar outro ônibus. Porém, antes de sair o irmão tenor, aquele que cantava desde o começo, fez questão de soltar mais uma antes de, mais que merecidamente, ser expulso. Disse para o sujeito que dizia ser evangélico: "Nós não somos deste mundo!".

Esta última frase dele arrancou ainda mais comentários das pessoas que estavam sentadas logo atráz de nós, ouvi as risadas como facadas, com a certeza de que um trabalho sério de evangelização para aqueles passageiros acabava de se tornar algo ainda mais trabalhoso.
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UMA PALAVRA SOBRE O OCORRIDO
A única frase que eu consegui soltar para minha esposa quando descemos do ônibus foi: "Você acaba de ter uma aula de testemunho pessoal".

Amados, eu infelizmente presenciei o que acabei de narrar, talvez não tenha conseguido expressar para você como tudo aconteceu, talvez me falte talento também para narrar exatamente como aconteceu, mas posso dizer com toda a certeza que, por mais bem intencionados que aqueles irmãos estavam, eles fizeram tudo errado! Desde o começo, quando, na falta de sabedoria, resolveram usaram o louvor para competir com o desrespeito daqueles que nos obrigam a ouvir o que não queremos.

O irmão, quando, em sua arrogância não permitiu um simples diálogo e porque não, o reconhecimento de que aquele não era o caminho certo para levar Cristo aos demais passageiros. Quando começou a repreender a todos os que se opunham a cantoria, aumentando ainda mais a confusão sem trazer luz à escuridão que se formava.

Amados, eu também não concordei com a cantoria desde o começo, e não é porque eu não concordei com a cantoria que eu estou endemoninhado. Os irmãozinhos erraram quando confundiram toda aquela aparência, trejeitos e linguajar evangélico com a real prática daquilo que gera vida, quando confudiram a religiosidade com suas manias e costumes com o bom perfume de Cristo que Paulo declara, em Deus, ser revelado em nós (II Coríntios 2:15).

Como disse no começo, sou também parte desta igreja que está caminhando, uma igreja que não tem igual, feita de homens e mulheres dos quais o mundo não é digno e por esta razão resolvi escrevi o que presenciei, não para expor a falha de um grupo pequeno e isolado de irmãos, mas porque é necessário dizer que anunciar a Cristo não significa bancar o santarrão e sair por aí dando de dedo em tudo e todos.

Meu objetivo é mostrar o que eu claramente percebi naquele ônibus: o quanto podemos matar por falta de conhecimento, de sabedoria, de amor. Que matamos por excesso de religiosidade, de presunção e farisaísmo. O texto bíblico que eu usei para abrir esta publicação se refere justamente ao povo de Deus que morre por falta de conhecimento, porém muitas vêzes este mesmo povo pode matar e, ainda acreditar que atitudes como estas contribuem para o Reino. Não amados, não ajuda em nada!

Paulo diz que para com Deus, somos o bom perfume de Cristo e num contexto que deixa bem claro: Deus Pai, em Cristo, sempre levará sua igreja em vitória e em todo lugar, manifestando em nós o agradável aroma do Seu conhecimento. O mundo precisa conhecer Deus em amor, não aquele amor jargão que repete: "A paz do Senhor, irmão!" como quem fala "Bom dia!" sem realmente desejá-lo, não um amor de púlpito apenas, de frases de impacto, não o amor arrogante como uma obrigação social, por isso tudo NÃO É AMOR.

Não é fácil, não, não é fácil. Eu não estou aqui dizendo que será fácil, mas será que eu deveria transcrever aqui o texto de I Coríntíos 13 ou apenas lembrar que o amor tudo suporta? Há excusas para esse amor? Não, não há, e não há porque este amor não é opcional, é mandamento, decreto lavrado do qual nosso Deus é exemplo, e único meio pela qual, de fato, estaremos anunciando o Reino de um deus que é Amor.

De nada adianta inflamar um púlpito com palavras de poder, de nada adianta sair de um culto "retété" como uma experiência incrivél e incrivelmente momentânea, de nada adianta dizer que temos comunhão com Deus quando nossas atitudes refletem que o homem não está morto. Passamos da hora de se posicionar além das paredes da igreja, afinal é fora dela que estamos realmente expostos à morte, expondo a profundidade de nossa fé. A beleza de nossa fé não está na religiosidade de nossas ações, mas na capacidade de viver o que pregamos, é isso que o mundo espera: que tenhamos fé suficiente para viver o que propomos e assim, simplesmente, demonstrar que não estamos brincando.

Os irmãos, em nenhum momento erraram por optar por esta ou aquela roupa, que aliás, eu também uso. Eu não estou tampouco os condenando ao fogo eterno, mas é necessário ter coragem para dizer que atitudes como esta mataram espiritualmente um ônibus inteiro, no mínimo tornou ainda mais difícil a pregação do evangelho para aquelas pessoas e isso é sério demais.

Temos que abrir os olhos para nossas ações pois a qualquer momento podemos por muito a perder. Aqui eu entendo que precisamos morrer, eu preciso morrer a cada dia! Devemos aproveitar todos os momentos para anunciar Cristo ao mundo com sabedoria, eles esperam por isso mesmo sem saber! O poder de influência de nossas ações é imensamente maior que o de nossa aparência e palavras.

"Prega o evangelho durante todo o tempo: se necessário, use as palavras"
São Francisco de Assis

"...Portai-vos com sabedoria diante dos que são de fora; aproveitai as oportunidades..."
Colossenses 4:05

"...a ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus..."
Romanos 8:19 a 21

"....nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros..."
João 13:35

"...Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus."
Mateus 5:44 a 48

"...Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas? Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus."
II Coríntios 2:14 a 17

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Fonte: Este artigo foi originalmente escrito por Edinelson Lopes, no dia 30 de junho de 2010, no desativado blog Siga o Mestre.

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